Antes do Título
Por João Zocchio – Literatura – Produção do Grupo de Leitura e Escrita
Ele é lindo, lá dentro,
jogando bola, chutando as chances que tem para além dos meus limites. Sei que marcha cada passo articulando os poderes inéditos dos seus olhos e joelhos, e das orelhas abanando, elefantinho, ao sabor dos meus apitos. Um tanto azul, um tanto translúcido, dali me esquenta – sua careca brilha e sua – me ilumina. Inspira o ar, se aloja nele e cruza, como uma grimpa (lugar propício ao seu fomento); ele é viçoso, vai medrando, mas numa espécie de sono, num tomo paro de tempo que circunda essas possibilidades, cruzamentos multívocos e acasos, trombas de chuvaradas vitamínicas do além-campo (contágio; todo o mundo o esperando) que perturbam os hiatos da sua transformação e seguem criando acontecimentos: dribles, traslados, jogadas adiante. Mira rijo o piso adormecido-ensandecido conforme acompanhando imune aos tremes de eletrodos o melhor que não se vê de camarote, a nata inédita da mágica em diversão, generavida. O corpo justificado, bola de fogo na ponta do dedo, que se estica na dança. Turgidez, propagação:postada, isso sim, não ao léu que nem pó. É o meu amor, será Campeão! Abano a bandeirola detrás das grades, às vezes as agarro, e chamo seu nome.
Não há réplica.
Sei a quê ele não responde.
Estap, estap, estap, trota
as intempéries.
As cidades, os escapamentos
os temperos.
Os tecidos
Salomé ameno e ingênuo
em sua performance doce desvelando
meus intentos
de expeli-lo
meus degredos gramatizantes (trans-gramado)
que o concebem sob e encerram um Título.
(Teme o nome, meu ainda-não-Campeão
teme a fama que vem no cume)
Mas então se segue, é porque celebra
Sem nome
e dança a dança do ventre
E expõe
a minha ameaça expátria
nos deâmbulos dessa dança
lógica
O escôo, ele escoa e escorrega, e eu espero:
do requebrado teleológico dele
que se nega, beira o abismo,
sei do alto:
sou a garrafa, templo de água;
o tempo é de água
e lhe escapa
Bios
Funil